A ORIGEM DO SOBRENOME

A história da origem da família VIERO retorce na névoa dos tempos até o período Medieval na Europa por volta do ano de 1 350, época em que surgem os sobrenomes de família.
Segundo o celebre “Dizionário Brasonico delle Famiglie Nobili”, esta família surgiu em Veneza onde Giorgio Viero lutou contra os Aragoneses que tentavam tomar o poder da ilha de Gazzola em 1483/84, ganhando grande notoriedade e um título de nobreza por bravura.
Um ramo desta família estabeleceu-se na Toscana e o outro espalhou-se por todo o domínio Vicentino.
Outras duas suposições levantadas por historiadores:
- VIERO derivaria de um ancestral equipamento de pesca na zona da laguna de Venezia, denominado viero, uma espécie de recipiente de palha usado para manter os pescados vivos dentro d’ agua.
- VIERO derivaria de oliviero, que significa “o homem das oliveiras” ou “o cultivador de oliveiras”. Tanto Oliviero, quanto Viero, são sobrenomes difundidos desde o fim da da Idade Média na Itália central e meridional.
A HISTÓRIA DA IMIGRAÇÃO
O abandono da Terra de nascença por meio da imigração nunca é espontâneo, mas ao contrário, resulta de condições de existência difíceis de suportar.
No ano de 1 890 a Itália passava por uma grande crise social e economia. A situação social estava degradada nas cidades devido ao avanço da industrialização no território italiano e a precarização do trabalho nas áreas rurais, onde uma minoria privilegiada obrigava a todos a viver cada vez mais confinados à pobreza. A situação era grave e se precisava fazer alguma coisa. Já não era possível viver, nem suportar aquela condição difícil, que se perpetuava a bastante tempo, principalmente lá no Norte da Itália. Eis que um processo de colonização de áreas devolutas no sul da América se torna não só uma possibilidade, mas uma realizada. O processo colonização no Brasil já estava em curso desde 1875.
Em 1798, nascia em Villa di Crosara, Michele Viero. Ele casou com Maria Missaggia, natural de Laverda di Lusiana e que morava no bairro Missaggia, no ano de 1822. Passaram a residir no bairro Piccoli, sempre em Laverda, onde alguns de seus descentes vivem até hoje.
Michele e Maria são os pais de Basilio Viero (Basilieto), nascido em Laverda e casado com Teresa Cogo, O casal passou a residir na Via Coghi, centro de Laverda.
No dia 25 de maio de 1865 nascia no comune de Lusiana, na província de Vicenza, região do Vêneto, MicheIe, filho primogênito de Basilio Viero e Theresa Cogo.
Cinco anos mais tarde, a família aumenta com o nascimento de Alessio, segundo filho do casal.
Por último nasce Giovanni Viero, em 1876.
Em 1880, Teresa Cogo falece prematuramente, aos 46 anos de idade, de causa desconhecida, deixando viúvo Basilio, com os três filhos menores de idade. Mudaram de endereço para o sobrado da Via Cá di Sopra, sempre em Laverda.
Com o passar do tempo, enquanto os três jovens cresciam sob os olhos do zeloso pai, outra tragédia se abate sobre a família: a perda do filho caçula Giovanni. Nunca se soube o que realmente ocorreu, mas relatos dos mais antigos contam que Giovanni saiu para uma caçada nas montanhas durante o inverno e nunca mais retornou. Fato é que existe o registro de nascimento e orbito de Giovanni no livro tombo da Parrocchia Di Laverda.
Michele passa a servir no exército italiano, sob a égide de Umberto l, Rei da Itália – 1880 a 1897, na Infantaria, cuja foto da época ilustra o uniforme com as estrelas e o fio dourado decorando a lapela indicando que possívelmente ocupava o posto de oficial subtenente. Fonte: Domenico Passuelo, pesquisador italiano.
Mais tarde, no ano de 1889, Michele casa-se com Angela Marchi (natural de Crosara) na Capela de San Luca, no Comune Crosara di Maróstica.
O jovem Alessio, aos 21 anos, casa-se com Catharina Maroso no ano de 1891, sempre em Laverda, Lusiana. Dessa união nasce no mesmo ano a primogênita Theresa, em homenagem a avó paterna.
Com a família aumentando e as dificuldades crescendo e sem a perspectiva de uma melhora na situação da vida no Veneto, Alessio parte com Catharina e a pequena Theresa, com 6 meses, para realizar o grande sonho de ser dono da própria Terra num lugar tão distante e desconhecido chamado América. O ano era 1892.
Atravessaram o Oceano em penosa viagem que durou 33 dias, com água e alimentação racionadas e multas doenças. “Tutt’ el die il mare.II mare e il ciel”. (Todo o dia o mar. O mar e o céu).
Chegando no porto do Rio de Janeiro, em Ilha das Flores, foram enviados de vaporeto ao Rio Grande do Sul, peia costa do Atlântico, até Porto Alegre.
De Porto Alegre, entravam pelo rio Caí com destino a Colonia Silveira Martins (proximo a Santa Maria). Dali, em carretas de boi, até Colónia Jaguary. Mulheres e crianças embarcadas, e os homens seguiam a pé.
Após vários dias numa exaustiva jornada, chegando à Colónia Jaguary, receberam do agente de Imigração em lote em terras de 25 ha no Núcleo Colonial de Ernesto Alves, o qual deveria ser pago ao longo de dez anos, e a incumbência de juntos com outros tantos imigrantes, colonizarem o Vale do Rio Jaguaryzinho (Rio Rosário), totalmente ermo e inexplorado.
Num primeiro momento os imigrantes ficaram alojados num “Barracão” localizado onde hoje é o colégio municipal de Jaguari. Em Ernesto Alves o barracão inicial que abrigava os imigrantes era localizado onde hoje é a escola da vila.
Muitos vencidos pelo cansaço, pelas doenças contagiosas e escassez de alimentos, sem auxílio médico, não resistiram e vieram a falecer ali mesmo, entre eles a pequena Theresa, aos 9 meses de idade. Tempos muito duros.
Com a força da fé e a coragem tão peculiar deste povo, Aléssio e Catharina derrubaram a mata inóspita e abrem o lote, fazem a primeira plantação e constroem a casa de cima do cerro em regime de mutirão, no Núcleo Ernesto Alves. O tempo passava e o Vale do Jaguaryzinho tomava ares de civilização, pois a cada dia chegavam mais e mais imigrantes.
“MÉRICA, MÉRICA, MÉRICA… UN BEL MAZZOLIN DI FIORI”.
Enquanto isso, a outra parte da família que havia ficado na Europa recebia cartas onde Alessio contava da viagem, da “Nova América”. Escrevia com orgulho da mais nova casa de comércio de Ernesto Alves, da qual era proprietário e pedia que viessem também comprovar a existência da Terra livre e de como era possível progredir sendo proprietário.
No ano de 1897, na Itália, Michele e Angela Já haviam tido três filhos: Amadeu Basílio (8) Giovanni Bortolo (4), e Aurelio Alessio (2),. Ainda neste mesmo ano pediu baixa do exercito e o casal, juntamente com o pai dele, decidiram deixar a Itália e vir ao encontro de Alessio no Brasil.
Chegaram no Brasil no Porto de Ilha das Flores, no Rio de Janeiro (atual Bahia de Guanabara) e dali foram enviados a uma fazenda de café, em contrato de trabalho de um (01) ano, possivelmente para o pagamento das passagens. Alessio conseguiu encontrá-los e trazê-los para Ernesto Alves após o período de trabalho no sul de Minas Gerais. Angela Marchi provavelmente fez a travessia gravida, pois em Minas Gerais nasce a única filha do casal, a qual deram o nome de Maria (tia Marieta – 1898).
Em Ernesto Alves, Michele adquire uma colónia na localidade de Picada do Funcho onde passa a desenvolver a produção rural, artesanato e pequenas indústrias, entre as quais a criação do “bicho-da-seda” para a obtenção do fio da seda e produção do tecido, condição que já era desenvolvida e tradicional no Veneto desde 1500.
Alessio, que se dedicava ao comercio e a agricultura, em 1906, constrói o primeiro sobrado da Vila com tijolos manufaturados pela própria família.
O sobrado recebeu o nome de “Hotel Progresso” e destinava-se à hospedagem dos construtores da ponte sobre o Rio Rosário, importada da Inglaterra e construída em 1906.
Em dias festivos, abriram-se as portas do hotel e o refeitório transformava-se em salão de baile.
Para receber os hóspedes que chegavam na estação ferroviária do Curussú, Alessio manda buscar na Inglaterra um carro “VITORIA” com estofamento em couro preto capitonè, que era atrelado cavalos e guiado por cocheiro.
O “Hotel Progresso” de Ernesto Alves, deu origem ao atual “Hotel Viero” localizado defronte à praça Moisés Viana, na cidade de Santiago..
No ano de 1911, Alessio, já em plena expansão nos negócios, consegue retornar à Itália, pela última vez, na companhia de seu grande amigo Giacomo Rigon, para rever parentes e amigos e mostrar que estavam realizando o sonho americano no Brasil.
Com o tempo, espalhou seus negócios para outras cidades do Rio Grande do Sul.
Em 1932, foi grandemente prejudicado quando no Porto de Rio Grande o navio que transportava grande montante de mercadorias finas adquiridas em São Paulo e importadas da Europa, como sedas, porcelanas, louças, maquinários, etc, afundou causando perda total da importação.
Na condição de grande produtor de Vinho. foi premiado com medalha de prata, na 30 Exposição feira Agropecuária e Industrial de São Borja em 1935.
Com o tempo, a falta de Investimentos e Infraestrutura na região colonial de Jaguari, criou a escassez de recursos. Os investimentos toram direcionados ao Latifúndio. A cidade de Santiago começa a crescer e a receber o êxodo da Colônia empobrecida.
Num período de 20 anos (1889 a 1909) chegaram a Colonya Jaguari um contingente de 8.000 estrangeiros, segundo o pesquisador José Newton Marchiori.
Michele e Angela tiveram, ainda os filhos Vitorio, Antonio (Toni), Alfredo e Silvio Lucas (Xirdo).
Alessjo e Catharina tiveram os filhos Theresa, Basilio, Carolina, Dileta, Olivia, Regina, Artur e Olinda. Ângela Marchi faleceu no dia 15 de julho do ano de 1940 e Michele Viero no dia 17 de junho do ano de 1951 aos 86 anos de Idade.
Catharina Maroso faleceu no dia 10 de julho do ano de 1940 aos 64 anos e Alessio Viero aos 86 anos de Idade no dia 22 de abril do ano de 1950.
Estão sepultados no cemitério de Ernesto Alves, no município de Santiago, o qual escolheram corno seu verdadeiro chão Natal.
A Família Viero possui hoje no Brasil mais de 1000 descendentes diretos e indiretos de Michele e Alessio, que eventualmente reúnem-se para relembrar seu passado e suas origens calcadas na luta contra os desafios dos tempos.
Pesquisa:
Alexandre Santi Viero (neto de Basilio Viero e Gionna Colpo e bisneto de Michele Viero e Angela Marchi).
Fonte:
Material pesquisado editado por Luís Sandri (Centenário de Alessio Viero);
Passaporte italiano de Michele Viero;
Entrevistas informais com membro da família;
Textos tirado de um Jornal feito para uma das festas da família.
